De vez em quando existem coisas que nos fazem perceber que ainda não vimos/ouvimos tudo. Isto pode aplicar-se a basicamente todos os aspectos da vida quotidiana, mas o futebol é talvez um terreno extra-fértil nestas situações. Quem não se lembra de ver cenas absolutamente únicas, protagonizadas por imortais como Paul Gascoigne (o mítico Gazza), frangos impensáveis, 3 e 4 bolas à trave numa só jogada, etcétera e tal? A realidade é só uma: num campo de futebol, como na vida, o impensável acontece.
Mas há situações mais impensáveis que outras. Esta ocorreu em Fevereiro de 1994, na prestigiada competição que é (ou era, peço desculpa pela ignorância) a Taça Caribenha Shell. Os gigantes Barbados e Granada disputavam a partida das semi-finais, para decidir quem se juntaria à não-menos prestigiada selecção da Trinidade & Tobago na final deste mediático evento. Pelas vicissitudes da competição, Barbados precisava de vencer a equipa granadina por pelo menos dois golos de diferença para ganhar acesso à final. E o onze de Barbados conseguia, com efeito, já com vários minutos jogados na segunda parte, estar a vencer pelo resultado de 2-0. Mas aos 83', Granada conseguia fazer o golo que lhes assegurava a passagem à final.
Mais alguns minutos passaram, faltavam agora apenas 3 minutos para o fim do tempo regulamentar e tudo parecia indicar que Granada ia, de facto, chegar à final. E é aqui que entra o elemento que faz com que esta história deixe de ser a crónica de mais um jogo do "bolapé" para se tornar um conto digno da prestigiada menção "Ideiotice".
Existia uma regra, provavelmente inventada por senhores com capacidade mental ao nível de um António Fiúza (o meu mais recente ídolo), que definia que se uma equipa ganhasse uma disputa de grandes penalidades, independentemente do resultado da mesma ou do jogo em si, ser-lhe-ia atribuída a vitória por duas bolas a zero.
Assim sendo, os jogadores de Barbados não estiveram com modas: toca a marcar um golo na própria baliza, estabelecendo o empate que lhes poderia permitir disputar a contenda dos penalties.
Isto podia ficar por aqui e já podiamos contabilizar uma boa dose de parvoíce nesta história. Mas sendo esta "estória" verdadeiramente ideiótica, não podia ficar por aqui. Porque os jogadores de Granada procuraram, obviamente e numa jogada tão típica em tantos relvados por esse mundo, marcar também eles um autotento (passe a aliteração) para impedir o prolongamento e garantir já a passagem à final. Só que Barbados respondeu com a jogada tão prototípica que já esperávamos: puseram-se a defender a baliza da equipa contrária.
Ora bem, vamos analisar um pouco o que se estaria a passar naquele malfadado campo: de repente, os jogadores dão por ela e estão a defender guarda-redes que não conhecem? Ou os guarda-redes também terão trocado de posições? Eu penso mesmo que o árbitro, os adeptos, os treinadores devem ter chegado a uma situação em que já não sabiam qual a baliza que pertencia a quem. Um verdadeiro "tilt". E as crónicas do dia seguinte? Só podemos imaginar:
Zé Tó dos Barbados -> fez uma partida intranquila até aos 85', tendo dificuldades em travar Tóni Nel de Granada. Compensou, no entanto, nos minutos finais, impedindo a concretização de dois tentos quase feitos na baliza de Granada.
Não soa muito bem, pois não?
De qualquer forma, gostava de ter visto esta partida. Penso que é daquelas coisas que se contam um dia aos netos. Ou que nos causam um enfarte seguido de uma hemorragia cerebral. Nunca mais nada voltaria a ser como dantes.
Só para finalizar, diga-se que Barbados acabou por marcar golo aos 4' do prolongamento, em golo de ouro, passando assim à final. Se bem que não compreendo bem como. Será que alguém lhes explicou que o futebol consiste em marcar golos na baliza adversária? A esse pessoa, só posso chamar uma coisa - desmancha-prazeres.
02 setembro 2006
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2 comentários:
Bem, verdadeiramente ideiótico...
andas ai com uma fonte de informações...
informação dessa é coisa pra valer meia duzia de Yenes. eheh
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