06 fevereiro 2006

I Love To Hate... Sorte Nula

certos e determinados fenómenos que realmente mexem connosco. E mexem connosco não no sentido de brutamontes-que-por-acaso-acaba-de-nos-desatarrachar-a-venta-à-força-de-punho.

É noutro sentido.

O fenómeno a que me refiro é qualquer coisa que seria descrito por Peter Griffin como "something that really grinds my gears". E este fenómeno só poderia ser, obviamente, Sorte Nula.

Eu não sou exactamente um expert em cinema. Longe disso. Mas não tão longe que possa ser conotado como adepto de Torque, como já aconteceu. Injustamente, diga-se. Vá lá, poderei ser, quando muito, semi-fã de 2 Fast 2 Furious, e 90% devido à presença de Eva Mendes.

Não melhorou muito, pois não? Esqueçam. Voltando ao Sorte Nula.

O Sorte Nula é uma daquelas coisa que nos muda. É quase como chegar a uma determinada idade e descobrirmos que, afinal, não existe Pai Natal. O que no meu caso aconteceu aos 18 anos (e ainda sofro com isso... chuif...). O Sorte Nula faz-nos acreditar que o cinema português é incurável.

Eu nunca gostei muito de cinema português, e esta crítica pode não fazer sentido, portanto. Mas Sorte Nula não encaixa exactamente no protótipo de filme português; é, talvez, a tentativa mais evidente de emular Hollywood e os filmes mainstream. Não que isto seja mau; Sorte Nula é que é mau.

O filme junta toda uma panóplia de elementos odiosos e/ou incríveis; aqui ficam alguns:

- António Feio com uma camisa havaiana;

- Bruno Nogueira tentando ser sério;

- Rui Unas tentando ser actor;

- Tânia Miller (ainda por cima nua);

- actor dos morangos com açúcar;

- música de estilo indescritível, mau gosto… (a sério, o que é aquilo?)

- Carla Matadinho vestida em alguns frames.


Na minha opinião, o diálogo no brainstorming para a ideia inicial deve ter sido:

“E se a gente fizesse um filme onde a Carla Matadinho mostrasse as mamas, onde por acaso também estivesse a Isabel Figueira?”

“Pois, mas e o resto da história?”

“Não me deves ter ouvido bem. Juntei, na mesma frase: «Matadinho, mamas, Isabel Figueira»”

“Ah… OK, então, prá frente com isso.”

Eu gostaria de destacar um dos diálogos no filme. Alguém tentava, desesperadamente, fazer com que Matadinho e sua amiga fizessem um strip (missão hercúlea!), dizendo:

“Se fizerem um strip, mostro-vos algo que tenho aqui!”

“Mas não temos música!”

Ao que, por acaso, alguém se lembra:

“Tenho aqui um rádio na mochila!”

“Então está bem.”

Era bem bom que as coisas se processassem assim na vida real. Uma vida em que Carla Matadinho se despisse facilmente.

Podia continuar a bater no ceguinho, mas acho que não vale a pena. De qualquer forma, se for uma das 3 pessoas no mundo que ainda não viu Carla Matadinho nua, é preferível ir ao eMule e procurar lá. Nem para isso o filme é bom.

P.S.: Se ainda não deixou de acreditar no cinema português, leia a sinopse de Odete. É material tão bom como o título do filme.

1 comentário:

Alexandre Antunes disse...

E depois do grande sucesso de sorte nula, filme portugues mais visto no seu ano, seguido pelo balas e bolinhos, surge o "grande" Crime do padre amaro, que, se não me engano, só se tornou no filme portugues mais visto de sempre à custa de uma anteriormente quase desconhecida, Soraia Chaves.
Queres fazer sucesso a vender cinema em portugal, copia levemente produçoes de hollywood e bota-lhe umas gajas em cima, quanto mais nuas mais vendas.
O número de espectadores, e consequentemente dos lucros, cresce na razão inversa da quantidade de roupa das protagonistas.