Há certos e determinados fenómenos que realmente mexem connosco. E mexem connosco não no sentido de brutamontes-que-por-acaso-acaba-de-nos-desatarrachar-a-venta-à-força-de-punho.
É noutro sentido.
O fenómeno a que me refiro é qualquer coisa que seria descrito por Peter Griffin como "something that really grinds my gears". E este fenómeno só poderia ser, obviamente, Sorte Nula.
Eu não sou exactamente um expert
Não melhorou muito, pois não? Esqueçam. Voltando ao Sorte Nula.
O Sorte Nula é uma daquelas coisa que nos muda. É quase como chegar a uma determinada idade e descobrirmos que, afinal, não existe Pai Natal. O que no meu caso aconteceu aos 18 anos (e ainda sofro com isso... chuif...). O Sorte Nula faz-nos acreditar que o cinema português é incurável.
Eu nunca gostei muito de cinema português, e esta crítica pode não fazer sentido, portanto. Mas Sorte Nula não encaixa exactamente no protótipo de filme português; é, talvez, a tentativa mais evidente de emular Hollywood e os filmes mainstream. Não que isto seja mau; Sorte Nula é que é mau.
O filme junta toda uma panóplia de elementos odiosos e/ou incríveis; aqui ficam alguns:
- António Feio com uma camisa havaiana;
- Bruno Nogueira tentando ser sério;
- Rui Unas tentando ser actor;
- Tânia Miller (ainda por cima nua);
- actor dos morangos com açúcar;
- música de estilo indescritível, mau gosto… (a sério, o que é aquilo?)
- Carla Matadinho vestida em alguns frames.
Na minha opinião, o diálogo no brainstorming para a ideia inicial deve ter sido:
“E se a gente fizesse um filme onde a Carla Matadinho mostrasse as mamas, onde por acaso também estivesse a Isabel Figueira?”
“Pois, mas e o resto da história?”
“Não me deves ter ouvido bem. Juntei, na mesma frase: «Matadinho, mamas, Isabel Figueira»”
“Ah… OK, então, prá frente com isso.”
Eu gostaria de destacar um dos diálogos no filme. Alguém tentava, desesperadamente, fazer com que Matadinho e sua amiga fizessem um strip (missão hercúlea!), dizendo:
“Se fizerem um strip, mostro-vos algo que tenho aqui!”
“Mas não temos música!”
Ao que, por acaso, alguém se lembra:
“Tenho aqui um rádio na mochila!”
“Então está bem.”
Era bem bom que as coisas se processassem assim na vida real. Uma vida
Podia continuar a bater no ceguinho, mas acho que não vale a pena. De qualquer forma, se for uma das 3 pessoas no mundo que ainda não viu Carla Matadinho nua, é preferível ir ao eMule e procurar lá. Nem para isso o filme é bom.
P.S.: Se ainda não deixou de acreditar no cinema português, leia a sinopse de Odete. É material tão bom como o título do filme.
1 comentário:
E depois do grande sucesso de sorte nula, filme portugues mais visto no seu ano, seguido pelo balas e bolinhos, surge o "grande" Crime do padre amaro, que, se não me engano, só se tornou no filme portugues mais visto de sempre à custa de uma anteriormente quase desconhecida, Soraia Chaves.
Queres fazer sucesso a vender cinema em portugal, copia levemente produçoes de hollywood e bota-lhe umas gajas em cima, quanto mais nuas mais vendas.
O número de espectadores, e consequentemente dos lucros, cresce na razão inversa da quantidade de roupa das protagonistas.
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